sexta-feira, 17 de maio de 2013

BIKE 26 ou 29 – ainda a dúvida.

A indústria, é claro, tem que se renovar, e tem feito isso constantemente, com a introdução de suspensões dianteiras, geometria sloping, bikes full suspensions e com a contínua evolução dos componentes. Mas para vender nem sempre isso é suficiente, e uma mudança radical – às vezes revolucionária, às vezes cosmética – é necessária de tempos em tempos.


Com a introdução das big wheels (rodonas), como são chamadas as 29ers, a indústria se viu no papel na obrigação de convencer os reticentes proprietários de bikes aro 26 a trocar seus equipamentos pela nova opção. Não esqueçamos que se faz um bom up numa 26 trocando a relação de 9V para 10V, mas um up de 26 para 29 é um up da bike inteira, e isso faz qualquer fabricante, distribuidor ou lojista sorrir com vontade.
Argumentos não faltam a favor das 29. Já li em algum lugar que o próprio Gary Fisher teria declarado que só não usou rodas 29 nas primeiras mountain bikes pela maior disponibilidade de aros 26 à época, mas que as 29ers seriam muito mais adequadas ao MTB.
Um dos principais argumentos é que a 29 tem rolagem maior, o que é um fato, e assim, vencida a inércia inicial, a bike andaria melhor e com menos esforço. Ela também sobe melhor, mas é preciso definir o quanto melhor, e se lembrar que, mesmo subindo melhor, ela não sobe sozinha.
A roda maior também proporcionaria uma maior facilidade na transposição de buracos e obstáculos (outro fato).
No entanto, os opositores argumentam que bikes 29 são necessariamente mais pesadas, levado em conta um preço proporcional, que sobem pior, que são menos ágeis em single tracks apertados e, se a 29er passa melhor por obstáculos, é mais fácil dar um bunnyhop com uma 26.
Assim, logo surgiram os testes 26 vs. 29. São fáceis de achar no Youtube, e tem desde os ridículos, como o que postamos a seguir, como também a interessante comparação feita por Christoph Sauser (Suíço, Campeão Mundial de Maratona em 2011), que apresentamos e discutimos nesse post.
Vejam que comparação mais rasteira: nesse “teste” o ciclista não consegue subir um meio fio com uma 26, mas sobe facilmente com uma 29. Isso não reflete, obviamente, a realidade.


Mas vamos lá. A Specialized – que não pode se dizer isenta, já que quer emplacar as 29ers pelas razões mercadológicas descritas – selecionou um de seus pilotos, Christoph Sauser, para testar, sob as mesmas condições, a Epic S-Works 26 e 29.


As bikes pesam 9,1 kg (a 26) e 9.8 kg (a 29). O teste foi inteiramente realizado num trecho de single track, com um uphill, alguns minutos de descanso e um downhill. Os resultados favoreceram a 29er, como era de se esperar. O teste parece ter sido bem honesto (pode-se observar o esforço semelhante feito pelo piloto, com frequencia cardíaca média bastante similar com as duas bikes), e as diferenças não foram grandes, dadas as curtas distâncias pedaladas. Resumidamente, os resultados foram os seguintes:

Specialized Epic S-Works 26
Specialized Epic 26
Uphill: 19’21″ / Downhill: 15’02″

Specialized Epic S-Works 29
Specialized Epic 29
Uphill: 19’10″ (11 segundos mais rápida) / Downhill: 14’50″ (12 segundos mais rápida).

Como muito bem analisou Cristoph, a Epic 29 é uma bike desenvolvida para o Cape Epic, “a mais dura competição no mundo, para o ciclista e para o equipamento”, e tal ganho de performance se reflete, nos 100 km de cada etapa, num ganho de cerca de 7 minutos, o que faz toda a diferença para quem busca uma melhor classificação. No caso dele, porém, que participa de competições de XC, cujo formato são “longos sprints de 1:30h”, ele considerou que a 26 seria uma bike mais adequada, entre outras características, pela maior manobrabilidade.
Isso mostra que a 29 não é uma bike que resolverá todos os seus problemas. Ela não tem motor, o ganho de performance – quando há – depende do tipo de trilha (ou de terreno, já que muita gente usa mountain bike em longos trechos de asfalto) e a sua adaptação à mesma fará toda a diferença.
Esses dois comentários (em tradução livre) selecionados de ciclistas que assistiram o vídeo de Cristoph ajudam a reafirmar o meu ponto de vista:
[Comentário 1]: Pedalo em ambas, e penso que depende do seu estilo de pedalar e de como você se sente confortável numa trilha. A 26er tem uma rápida resposta em curvas apertadas e trilhas estreitas, e para passar por um obstáculo é muito similar. A 29 rola algumas polegadas a mais que a 26, assim sendo tem uma pequena vantagem, em terreno plano, sobre a 26.
[Comentário 2]: Em relação às 29: Pros – muito rápida e eficiente, tanto em estradões como em asfalto. Definitivamente mais rápida que outras bikes nas quais pedalei. Mais confortável que as 26, mesmo sendo uma HT. Sinto a recompensa sempre que decido realmente pedalar com potência. Contras – Difícil de manobrar especialmente em single tracks e curvas apertadas. Mais difícil de pedalar por lama espessa, a menos que você esteja já bem rápido. Pedalar com inclinação é definitivamente assustador, e você será penalizado se diminuir a velocidade, então, nem pense nisso.
Assim, acho que se você pretende migrar para 29 ou continuar na 26, você deve fazer longos test-drives, no modelo de bike que você pretende adquirir, e principalmente, no tipo de pedalar que você pretende fazer. Não adianta dar a volta na quadra, ou fazer uma pedalada de 2 ou 3 km com qualquer 29er e decidir pela empolgação. Geometria e peso são fatores a considerar, e meu conselho é experimentar mesmo. Então, fica a dica, senhores lojistas: não é porque estamos em Natal, nesse finzinho de mundo, que não podemos ter um Demo Day, de verdade..

FONTE: http://dalamaaocaosbike.wordpress.com/2012/03/05/26-ou-29-ainda-a-duvida/

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