A indústria, é claro, tem que se renovar, e tem feito isso constantemente, com a introdução de suspensões dianteiras, geometria sloping, bikes full suspensions e com a contínua evolução dos componentes. Mas para vender nem sempre isso é suficiente, e uma mudança radical – às vezes revolucionária, às vezes cosmética – é necessária de tempos em tempos.
Com a introdução das big wheels (rodonas), como são chamadas as 29ers, a indústria se viu no papel na
obrigação de convencer os reticentes proprietários de bikes aro 26 a
trocar seus equipamentos pela nova opção. Não esqueçamos que se faz um
bom up numa 26 trocando a relação de 9V para 10V, mas um up de 26 para
29 é um up da bike inteira, e isso faz qualquer fabricante, distribuidor
ou lojista sorrir com vontade.
Argumentos não faltam a favor das 29. Já li em algum lugar que o próprio Gary Fisher
teria declarado que só não usou rodas 29 nas primeiras mountain bikes
pela maior disponibilidade de aros 26 à época, mas que as 29ers seriam
muito mais adequadas ao MTB.
Um dos principais argumentos é que a 29
tem rolagem maior, o que é um fato, e assim, vencida a inércia inicial, a
bike andaria melhor e com menos esforço. Ela também sobe melhor, mas é
preciso definir o quanto melhor, e se lembrar que, mesmo subindo melhor,
ela não sobe sozinha.
A roda maior também proporcionaria uma maior facilidade na transposição de buracos e obstáculos (outro fato).
No entanto, os opositores argumentam que
bikes 29 são necessariamente mais pesadas, levado em conta um preço
proporcional, que sobem pior, que são menos ágeis em single tracks
apertados e, se a 29er passa melhor por obstáculos, é mais fácil dar um
bunnyhop com uma 26.
Assim, logo surgiram os testes 26 vs. 29.
São fáceis de achar no Youtube, e tem desde os ridículos, como o que
postamos a seguir, como também a interessante comparação feita
por Christoph Sauser (Suíço, Campeão Mundial de Maratona em 2011), que
apresentamos e discutimos nesse post.
Vejam que comparação mais rasteira: nesse
“teste” o ciclista não consegue subir um meio fio com uma 26, mas
sobe facilmente com uma 29. Isso não reflete, obviamente, a realidade.
Mas vamos lá. A Specialized – que não
pode se dizer isenta, já que quer emplacar as 29ers pelas razões
mercadológicas descritas – selecionou um de seus pilotos, Christoph
Sauser, para testar, sob as mesmas condições, a Epic S-Works 26 e 29.
As bikes pesam 9,1 kg (a 26) e 9.8 kg (a
29). O teste foi inteiramente realizado num trecho de single track, com
um uphill, alguns minutos de descanso e um downhill. Os resultados
favoreceram a 29er, como era de se esperar. O teste parece ter sido bem
honesto (pode-se observar o esforço semelhante feito pelo piloto, com
frequencia cardíaca média bastante similar com as duas bikes), e as
diferenças não foram grandes, dadas as curtas distâncias pedaladas.
Resumidamente, os resultados foram os seguintes:
Specialized Epic S-Works 26
Uphill: 19’21″ / Downhill: 15’02″
Specialized Epic S-Works 29
Uphill: 19’10″ (11 segundos mais rápida) / Downhill: 14’50″ (12 segundos mais rápida).
Como muito bem analisou Cristoph, a Epic
29 é uma bike desenvolvida para o Cape Epic, “a mais dura competição no
mundo, para o ciclista e para o equipamento”, e tal ganho de performance
se reflete, nos 100 km de cada etapa, num ganho de cerca de 7 minutos, o
que faz toda a diferença para quem busca uma melhor classificação. No
caso dele, porém, que participa de competições de XC, cujo formato são
“longos sprints de 1:30h”, ele considerou que a 26 seria uma bike mais
adequada, entre outras características, pela maior manobrabilidade.
Isso mostra que a 29 não é uma bike que
resolverá todos os seus problemas. Ela não tem motor, o ganho de
performance – quando há – depende do tipo de trilha (ou de terreno, já
que muita gente usa mountain bike em longos trechos de asfalto) e a sua
adaptação à mesma fará toda a diferença.
Esses dois comentários (em tradução
livre) selecionados de ciclistas que assistiram o vídeo de Cristoph
ajudam a reafirmar o meu ponto de vista:
[Comentário 1]: Pedalo em ambas, e
penso que depende do seu estilo de pedalar e de como você se sente
confortável numa trilha. A 26er tem uma rápida resposta em curvas
apertadas e trilhas estreitas, e para passar por um obstáculo é muito
similar. A 29 rola algumas polegadas a mais que a 26, assim sendo tem
uma pequena vantagem, em terreno plano, sobre a 26.
[Comentário 2]: Em relação às 29:
Pros – muito rápida e eficiente, tanto em estradões como em asfalto.
Definitivamente mais rápida que outras bikes nas quais pedalei. Mais
confortável que as 26, mesmo sendo uma HT. Sinto a recompensa sempre que
decido realmente pedalar com potência. Contras – Difícil de manobrar
especialmente em single tracks e curvas apertadas. Mais difícil de
pedalar por lama espessa, a menos que você esteja já bem rápido. Pedalar
com inclinação é definitivamente assustador, e você será penalizado se
diminuir a velocidade, então, nem pense nisso.
Assim, acho que se você pretende migrar
para 29 ou continuar na 26, você deve fazer longos test-drives, no
modelo de bike que você pretende adquirir, e principalmente, no tipo de
pedalar que você pretende fazer. Não adianta dar a volta na quadra, ou
fazer uma pedalada de 2 ou 3 km com qualquer 29er e decidir pela
empolgação. Geometria e peso são fatores a considerar, e meu conselho é
experimentar mesmo. Então, fica a dica, senhores lojistas: não é porque
estamos em Natal, nesse finzinho de mundo, que não podemos ter um Demo
Day, de verdade..
FONTE: http://dalamaaocaosbike.wordpress.com/2012/03/05/26-ou-29-ainda-a-duvida/
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